quinta-feira, 9 de junho de 2011

Os impactos da exploração do homem pelo homem, para Marx


Segundo Marx, a exploração do homem pelo homem ocorre através da alienação dos meios de trabalho, da força de trabalho e do produto do trabalho, imposta por um dos homens sobre o outro, e se concretiza com o capitalismo.
A alienação se inicia quando o homem perde o poder sobre seus meios de trabalho, tendo então que vender a única coisa que lhe resta, que é sua força de trabalho. Sendo assim, a alienação passa a ser da força de trabalho, também. Depois disso, como este homem esta trabalhando para alguém, ele deve produzir coisas que sejam úteis tanto ao empregador, tanto às outras pessoas; ele irá produzir, portanto, mercadorias, que não irão servir a ele, mas sim a terceiros. Dessa forma, ele fica alienado também dos produtos de seu trabalho.
A alienação do trabalho, no geral, acaba por desencadear o desenvolvimento do modo de produção capitalista, na medida em que os trabalhadores trabalham somente para o seu empregador, ou seja, para o detentor dos meios de produção. Esse empregador é quem lucrará com o trabalho dos trabalhadores, através do emprego da mais-valia, que faz os homens trabalharem mais do que o necessário para pagar o seu próprio salário somente para dar lucro ao empregador.
Além da mais-valia adquirida, o empregador ainda divide ao máximo o trabalho entre os trabalhadores, para que, dessa forma, ele maximize sua produção, e, em consequência, seu lucro proveniente da venda dessa produção. Com esse modo de produção altamente dividido, o trabalhador perde a noção do resultado final de seu trabalho, caracterizando um novo tipo de alienação, que é a alienação no que diz respeito a se perceber como produtor de seu próprio trabalho.
A mais-valia pode ser, ainda, a absoluta, que é quando o trabalhador trabalha algumas horas “de graça” para o seu empregador, ou então a mais-valia relativa, que é quando ele trabalha um mesmo numero de horas, porém, devido ao desenvolvimento das máquinas, trabalha mais do que o necessário, já que as máquinas aumentam a produtividade, sem tomar conhecimento desse fato.
Como consequência dessa forma de produção, baseada na exploração do trabalhador pelo empregador, a sociedade capitalista que se forma tende a separar cada vez mais os homens, sendo que o detentor dos meios de produção se tornará cada vez mais rico, e o trabalhador explorado será cada vez mais explorado, dando início a um ciclo vicioso. É fruto do capitalismo, então, a desigualdade econômica, e, junto com ela, a desigualdade cultural, na medida em que os explorados não tem tanto acesso ao conhecimento para que não possam refletir sobre sua real condição. O capitalismo ainda gera desemprego e instabilidade econômica e leva os trabalhadores algumas vezes a situações extremas, de penúria, para que o empregador consiga lucrar cada vez mais. Em ultima instância, ele é um sistema econômico que visa somente o lucro, sem se preocupar com as pessoas que serão prejudicadas no meio do percurso para que esse lucro seja obtido.
O impacto mais profundo causado pelo capitalismo, porém, é a própria alienação social a qual os homens são submetidos, que os impede de se perceberem como produtores do trabalho, e os faz se enxergarem apenas como consumidores deste trabalho, concretizado na forma de mercadoria. A alienação chega a tal ponto que os homens não percebem nem mais a injustiça da qual são vítimas, não lutando por seus direitos e nem tentando se livrar desse ciclo vicioso imposto. Sendo assim, acabam se acomodando com a situação e permitem que o capitalismo continue a vigorar. Logo, o capitalismo modifica e aliena a sociedade a tal ponto que ela acaba por não mais questioná-lo. 

8 comentários:

  1. Gostei da conclusão de vocês, e é interessante mesmo percebermos o quão Marx está mais próximo de nós que imaginamos... mesmo tendo escrito num contexto diverso do atual, vemos muitas de suas ideias se concretizando bem na nossa frente. Como ele disse, a partir do momento em que olhamos para um objeto e não somos mais capazes de enxergar trabalho humano nele, a alienação se completa e para mantê-la os explorados devem ter uma condição que se afaste de uma vida digna, eles devem apenas sobreviver para continuar precisando se submeter a esse triste estado de exploração... o mais impressionante pra mim é ver como é grande a força dessa alienação, na medida em que percebemos que esses trabalhadores muitas vezes acham que a vida é boa daquele jeito mesmo, se contentam plenamente e são por vezes bem mais felizes que pessoas que têm uma vida com várias oportunidades.

    Eduarda Castro
    ra 00077463

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  2. Interessante vocês mostrarem como os indivíduos explorados, que correspondem à maioria da sociedade atual, estão perdendo seu espaço por meio do desenvolvimento do capital. Karl Marx, tem como um de seus objetivos na obra "O Capital”, reivindicar o espaço dessas pessoas. Vale lembrar que, para Marx, o motor da história é a luta de classes, cuja consequência é o capitalismo. Vocês demonstraram o quanto o capitalismo provoca desigualdade, acho interessante ressaltarmos como Marx vê o Estado no meio disso tudo. Para ele, o Estado tem a função de manter o capital. Por isso, cria condições para que o lucro não seja ameaçado. Políticas de distribuição de renda, por exemplo, são medidas para atrasar a revolução, pois quando destruída a propriedade privada, será o fim de todas as instituições, inclusive o Estado. Essa revolução prevista por Marx é o comunismo.

    Amanda Fernandes Heleno

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  3. Como vocês observaram esse processo de estruturação do capitalismo, teve seu ponto de partida com a acumulação primitiva do capital, com as Grandes Navegações, e o desenvolvimento de políticas mercantilistas e protecionistas. Com o declínio do sistema feudal de produção os camponeses foram gradativamente expropriados de suas terras, e iniciou-se o processo de alienação citado por vocês, até chegarmos à própria reificação do homem, ou seja, por exemplo, considerar o próprio trabalho como uma mercadoria, que pode ser vendida.
    Considero que a divisão do trabalho nesse caso também deve ser levada em conta, pois com o crescimento da especialização, o homem passa a não ser capaz de produzir sozinho a mercadoria, pois ele não conhece todo o processo, sabe apenas a sua parte, e portanto não reconhece o valor dela no todo, ou seja, a porcentagem dela no valor final. Consequentemente, o homem vai ficando cada vez mais alienado.
    Por fim, como vocês também disseram no último parágrafo, acredito que o fetichismo da mercadoria contribui para que essa situação de exploração vivida pelo trabalhador, não seja alterada pelo mesmo. Afinal, com o fetichismo, ocorre o desencontro entre a representação e a coisa representada. O dinheiro, por exemplo, adquiriu vida própria, e deixou de ser um representante do um tempo socialmente gasto para produzir determinada mercadoria. Por isso, não se valoriza mais o trabalho e sim o dinheiro, quanto maior o salário da pessoa, maior seu status social. Acabamos por não enxergar por trás da mercadoria o trabalho, e por isso não somos mais donos de nossa própria condição. Esse encantamento, produzido pelo fetiche, contribui para a perpetuação da alienação dos trabalhadores.


    Larissa Mylla Misch
    RA00093133

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  4. Primeiramente o grupo conseguiu sintetizar adequadamente o que lemos sobre Karl Marx,entretanto, gostaria de frisar a questão sobre a divisão social do trabalho no capitalismo,desenvolvida em classe,na qual se otimiza a produção de mercadoria através da especialização do mesmo,distinguindo-se quem planeja o produto de quem o executa.Isso faz com que se distancie ainda mais o próprio trabalhador e produtor da mercadoria do produto de seu trabalho,já que não visualizando a matéria final e não participando do processo de constituição dessa,o trabalhador não se imagina como dono do produto e cumprindo apenas o papel de consumidor.
       Outro ponto seria,como vocês disseram,a alienação do trabalhador acaba perpetuando ainda mais o sistema capitalista e a situação em que esse se encontra.Mas vale colocar que,para Marx,esse não é o único motivo de sua manutenção mas sim o fato de o papel do Estado estar diretamente ligado à proteção do capital e o fato de que não houve a decadência de tal sistema foi pela não permissão por parte do Estado
        Por MarinaCalife Dauar.      RA:00096963

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  5. Gostei muito da forma com que vocês abordaram o assunto proposto. De fato, ficou bastante claro a maneira com que a mais valia, além de resultar no lucro do detentor dos meios de produçao, ela acaba por ser um instrumento de alienaçao das classes operarias.

    Juliana Moreira de Souza Tubini
    R.a. 00101638

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  6. Existem muitos trabalhadores braçais que viraram "capitalistas", provando que não existe uma barreira para a mobilidade social. É só ler a história dos grandes empresários, não só em países essencialmente capitalistas como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Japão, etc., mas em muitos outros, que foram bem sucedidos depois de décadas de pobreza. A beleza de uma sociedade livre e democrática é que as oportunidades são para todos, independentemente de classe social. Agora, vai querer ser bem sucedido em país comunista! Só os governantes comunistas e populistas, que condenam o capitalismo é que se dão bem financeiramente. É só pesquisar pelo mundo afora...

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  7. ...a título de provocação me preocupa algumas propostas marxistas que deveriam ser adaptadas para a realidade atual, como a da relação com o estado, considerando que a grande maioria dos governantes ditos socialistas tornaram-se ditadores como Stalin, Mao, Castro... Os que a gente botava fé mataram como o Allende e o Che. Existe algum trabalho neste sentido? Continuo adepto as ideias socialistas desde 70, quando dei o nome de Marx ao primeiro filho.

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